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  • Foto do escritorRita Oliveira

Templo da Mum

Atualizado: 18 de out. de 2020

Gabriela Cordeiro de Paula é MUM, é artista, cantora e ativista contra a gordofobia.

Conforme lembra MUM, desde a infância esteve envolvida com arte e musica, sendo inicialmente devido ao entrosamento na igreja local, em Congonhinhas, no interior do Paraná.

Ela conta que quando mudou-se para a cidade de Ponta Grossa aventurou-se então na criação de músicas autorais e que durante esse processo, na escolha de um nome artístico, estava procurando algo que fosse para si simétrico e bonito, algo que lhe cativasse. Surgiu então MUM (mais uma mulher), que lhe trouxe em sua singularidade muito do significado do ser feminino, pois evocava mãe do inglês e certa forma lua, quando vocalizada, abrangendo assim fortes temáticas por ela trabalhadas em suas composições, as quais com certa misticidade e sobremaneira voltadas a feminilidade e a Deusa.

Para si então define que a escolha do nome artístico para sua pessoa foi um marco definitivo à futura busca e caminhada.

Apresentação da banda MUM no sexta às seis de 2019.

Sobre o que é necessário para ser a MUM, considerando que ela e Gabriela são pessoas diferentes, sendo MUM séria, introspectiva e energética e que usa o corpo como transmissor e receptor de energia. Já Gabriela se apresenta mais extrovertida, afável e engraçada, por vezes insegura, destoando assim da persona MUM que é um outro arquétipo de existência.

A MUM segundo a mesma destoa muito da energia do "eu" Gabriela, sendo uma energia canalizada da própria espiritualidade, vertendo através da necessidade de uma manutenção de pensamentos fluídos e boa concentração além de um trabalho com o próprio corpo, pois considera a união mente, corpo e espírito como algo único.


Sendo que se considera uma pessoa com determinação, foca um objetivo por vez, mas mantém um fluxo temporal pré determinado para suas resoluções.

Trabalha em vários segmentos que se completam além da música. Escreve, faz artesanato, música e também se envolve com marketing. Tudo isso, sob sua visão é necessário para aprender e crescer cada vez mais. Também através da música se entende na posição de empreendedora, pois é necessário aprender a vender a si mesmo e seu produto, suas músicas e criações da forma como quer ser entendida e aceita.

Entre os projetos desenvolvidos pela artista há o Templo da MUM, o qual refere-se ao brechó da mesma voltado ao público plus size, em especial aos consumidores de artigos para gordos maiores, como a mesma se refere ao designar o público alvo.

Fotos de peças disponibilizadas pelo brechó de Gabriela.

A ideia inicial era uma loja voltada a produção de artigos próprios para a divulgação da banda, contudo durante o processo de criação da loja, MUM explica que aproveitando do espaço para comercializar alguns itens do segmento, deu então por si da dificuldade de acessibilidade de pessoas gordas maiores a itens do segmento de brechós, os quais deveriam ser acessíveis, e de consciência sustentáveis, não optavam em aderir nesse bicho e mantinham se tal qual a grande indústria da moda, essa também gordofóbica.

Partindo da premissa que todos os tipos de corpos sempre estiveram presentes em todas as épocas, classes e sociedades, estariam então presentes também dessa forma o designado vestuário de todos os tipos e formas, sendo necessário apenas um trabalho mais minucioso e dedicado a garimpagem desses itens.

Ainda sobre o Templo da MUM, afirma que tem o propósito de inserir entre seus produtos, algumas peças e artes voltadas ao esoterismo e a ritualística, citando como um exemplo as "caixinhas mágicas da MUM", idealizadas e posteriormente produzidas comercialmente para fins ritualísticos pela mesma, que pratica o estudo e aprendizado sobre a Deusa em torno de um ano, de uma forma bem orgânica e instintiva. Estuda bruxaria natural, ficando em ervas, cristais, intuição, sendo algo mais pessoal e solitário, como a busca pelo foco e controle das emoções. Para ela a bruxaria conecta o próprio passado com o presente de uma forma mais verdadeira consigo mesma, aflorando cada vez mais o eu feminino.


A forma que ela quer ser vista e entendida se faz pelas bandeiras que defende e pela forma que usa para expressar se em suas músicas. De seu ponto de vista, algo que pode ser entendido como uma marca própria da persona MUM séria por exemplo o tom vermelho pelo conceito monocromático das fases da mesma, mas ainda não tem certeza se já se considera alguém com uma certa marca registrada.

Sua personalidade além de ser moldada pela arte e pela busca espiritual, também tem influência através da literatura. Segundo a mesma entre algumas obras que considera importante e que indica está "mulheres que correm com lobos" de Clarissa Pinkola , considerada como uma jornada de auto conhecimento imenso, bem como um livro para si muito importante " Mito da beleza" de Naomi Wolf , que trata da violência sobre nossos corpos, em especial para com os corpos gordos. E ainda citando um livro que indicaria entre tantos por ser uma obra maravilhosa é "Uma duas" de Eliane Brum.

Já sobre as inspirações voltadas ao meio musical, relata que essas vem de diversos contextos da vida, desde influências na infância durante o aprendizado da música entre tantos outros que considera importante para sua construção musical como Florence Welch e Aurora, consideradas por ela como suas maiores inspirações musicais acerca do que MUM produz hoje, contudo ressaltando que como MUM também é numa mulher com suas fases, deixa a entender que por certo haverão outras inspirações em outros momentos e contextos.

Num prisma visual e estético define se num estilo que pende mais para uma pegada bruxesca, de certa forma espectral.

MUM ainda fala que entre suas conquistas está o documentário " Corpo gordo, obra prima", que nasceu como extensão do projeto em conjunto "diálogos culturais", onde afirmam que um corpo é sempre um corpo, e nesse projeto desenvolveram clipe, single musical, ensaio fotográfico e releituras de obras de arte famosas, as quais geralmente representadas por corpos magros, sendo então trocados por corpos gordos da modelo. A extensão do documentário é para contar as histórias de pessoas que participaram do ensaio, bem como para representatividade na luta contra a gordofobia, assuntos esses que ainda precisam de mais visibilidade e reconhecimento social.


Ainda nesse contexto, ela fala da problemática envolvendo o vestuário, observada através da insensibilidade para com as pessoas com corpo gordo, em especial os corpos gordos maiores, exemplificando lojas de departamento que mantém numeração até o limite de tamanho 48 e quando atende a demanda plus size podem chegar a numeração 54, impossibilitando pessoas que necessitam de tamanhos acima e as excluindo.

Ainda nessa linha de raciocínio existe a problemática envolvendo a modelagem e suas numerações cada vez mais alteradas em função do mercado estético, ocorrendo que as atuais numerações de vestuário se fazem menor em consideração ao mesmo tamanho em épocas anteriores.

De sua perspectiva isso se dá pela falta de consciência do olhar sobre o outro e ainda cita que o que sobra a essas pessoas é apenas o uso do que tenha disponível a seu nicho, mesmo sendo mais oneroso financeiramente e não algo que por ventura lhe fosse interessante ou de sua escolha.


Ainda falando de gordofobia, seus paradigmas e dificuldades, explica que o diálogo é extremamente importante, bem como entender os limites e manter o respeito ao próximo. MUM cita a importância de cultivar e manter o amor próprio destacando quão importante é olhar para dentro de si e favorecer o trabalho de autoconhecimento, bem como precipitar também o olhar ao externo que nos permeia, mas não como comumente fazemos no dia a dia, mas numa perspectiva de entendimento e aceitação.

Gordo Gordofóbico...

Ela conta que existem pessoas gordas que evitam relacionar se com outras pessoas gordas devido a um ódio próprio e baixa estima, fazendo projeção em outras pessoas, sendo gordofóbica por não querer ser gorda e criando uma empatia seletiva, a qual também é visível no mundo da moda quando por exemplo há a necessidade de escolha de pessoas para um marketing de modelagem maior, mas de certa forma seguindo um padrão de numeração, que mesmo sendo considerado gordo, tem se o cuidado de não criar um distanciamento do corpo não gordo, ficando cada vez mais distante do verdadeiro corpo gordo tanto quanto vemos no dia a dia

O body positive...

Movimento de capacitação, conhecimento e reconhecimento de pessoas com corpos gordos e também grandes, se faz mais eficaz quando além do próprio entendimento, também alia o conhecimento de outras pessoas, seja através de canais de informação, mídias sociais e na própria sociedade, e nessa premissa além de entender a elas direcione para si tais ideias.

Ainda destaca a necessidade de convivência com pessoas diferentes e com a mesma forma de entendimento, tentando entender e aumentar o campo de empatia combos mais variados tipos, corpos e personalidades.

Fome de quê?...

Nas sábias palavras de MUM Ponta Grossa tem fome de amor......



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