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  • Foto do escritorRita Oliveira

a glamorização do tabagismo

Explanando a dependência de nicotina em um mercado secular e glamorizado.

Art colagem Rita Oliveira

Seja pelo consumo de cigarros, cachimbo, charuto ou dos mais atuais narguilés, todos em certo momento já tocados por esse implacável sedutor. Fumante desde os 15 anos de idade, sempre acreditei piamente que o cigarro em minha vida era algo fugaz e de pouca importância, até reconhecer a dependência ocasionada pela nicotina anos mais tarde.

Segundo uma pesquisa feita em 1977 pela BAT (British American Association) “a instalação do hábito de fumar é um fenômeno adolescente. O hábito se instala principalmente aos 15 ou 16 anos”, realmente, pessoalmente foi o ápice da fumaceira toda. Minha inserção no meio fumante deu-se em especial pela idealização de que aquilo iria sanar

parte dos problemas ocasionados pela puberdade, rebeldia contra o “sistema”, afronta aos mais velhos e lugares públicos.

"Pelo menos um bilhão de pessoas ainda devem morrer por uso e exposição ao fumo até o final deste século, de acordo com o relatório da Fundação Mundial do Pulmão e da Sociedade Americana do Câncer. O número equivale a uma morte a cada 6 segundos." Cigarro, do glamour a maldição, disponivel em : https://actbr.org.br/post/cigarro-do-glamour-a-maldicao/15375/

Acompanhava por meios de comunicação, revistas, jornais, grandes celebridades e beldades do cinema tragando seus cigarros, como se não existisse absolutamente nada mais prazeroso que o inalar de fumaça tóxica ( na atualidade, em 2007, uma foto circulou a internet, onde celebridades como Bella Hadid, Kendall Jenner, Dakota Johnson e Marc Jacobs ,entre outros nomes da moda e do cinema, dividiam um cigarro em plena casa de banho do Metropolitan Museum of Art - muita polêmica foi gerada pelo incidente ). Não entendia o porquê de tanto alvoroço social, uns repudiando, outros santificando, mas a verdade é que a ignorância trazida pelas gerações passadas ocasiona até hoje, as sequelas de anos de glamorização.


"Tem tudo a ver com a provocação", diz Paulo Macedo, stylist e ex-diretor criativo da Vogue Portugal sobre o caso. "Todos temos consciência de que o tabaco faz mal à saúde, mas a verdade é que está ligado a uma enorme dose de sexualidade, à ideia de uma mulher forte e independente, que só faz o que quer"explana.


Sobre os malefícios acerca do uso, já é há muito sabido. Mas porque então nos pegamos entremeio sempre acendendo mais um? Em quem coloco a culpa pelo meu vício?

São tantos os motivos que nos mantém inalando dia a dia a nicotina que apenas nos aceitamos com o mais simples deles, a vontade... O passar do tempo mais rápido, ou simplesmente o ato involuntário de acender um canudo.

"Vivemos numa sociedade muito conservadora, mas as imagens de moda sempre foram controversas, sempre serviram para agitar as águas. Se não fossem assim, bastava ver catálogos em vez de editoriais. Fumar ou estar a fumar numa fotografia é quase um statement, é dizer que não se quer cumprir regras, não se quer ser politicamente correto. A moda tem de ter esse rock and roll", diz Paulo Macedo. "Porque no dia em que deixar de ser polêmica, vai deixar de ser interessante." 
Propaganda inusitada da década de 50.

É somente quando tentamos desapegar que percebemos o quanto é difícil abandonar tal hábito. Pode ser pelo aumento na ansiedade, (que deixo aqui muitíssimo claro, agravadíssimo pelos dias pandêmicos atuais) que se parecia diminuir e talvez de certa forma sumir pelo menos um pouco entre uma inalada e outra. Talvez seja pela sensação de preenchimento e saciedade que como qualquer outro vício nos dê.

A questão é que cada vez que se tenta abandonar o tabaco, é aí que você percebe como está realmente arraigada em você a necessidade de se aperceber feliz daquela forma.

Questionada o porquê de se acender um cigarro no simples ato de tomar um vinho ou uma cerveja, ou ainda quando com um livro a mão e uma xícara de café ao lado, aí têm se a oportunidade de pensar na necessidade da completude, na satisfação de poder ter tudo que se possa ter que aproxime a sensação de felicidade ou algo que se assemelhe a isso.

O relógio marca cerca de 15 minutos para o encerramento do horário de almoço, aquele o qual, depois de enfartar-se de boa comida no restaurante próximo a empresa, requer aquele saudoso e apreciado momento para o “pito”, obvio que o faria sem pestanejar.

Mães em seus momentos de sono rápido dos seus pequenos e na esperança de sanar a instabilidade emocional vinda da maternidade turbulenta, despreparo físico e emocional também o fazem sem sombra de dúvidas dúvidas (experiência esta qual posso dizer verídica por vivencia própria).

A cervejada com os amigos quase todos os finais de semana, o chegar em casa pós um dia estressante de confrontos em organizações, o pensar, o criar, o desenvolver produto, seja este, design, artista, escritor, todos recorremos ao meio mais fácil de apaziguar e estimular esses processos, mesmo sendo através do sugar de fumaça.

Por vezes eu tentei, e tentei parar de fumar, esta ultima veio carregada por um algo à mais, além de uma real mudança de hábitos, quero provar para mim mesma que apesar da sobrecarga advinda das mídias sociais que carregam grandes estímulos ao vicio, em especial o foco profissional com que trabalho, o universo da moda, senti por meio deste artigo, abordar tal tema, como uma forma de informar, causar o debate e alimentar o raciocínio de meus leitores sobre o tema, além do que me auxilia a esquecer o bendito “Chester”.

Porventura se você já se sentiu dessa forma ou se colocou em tal posição, então certamente você já foi ou é influenciado pela glamorização do tabagismo e por certo sabe que após algumas tragadas, por mais que se sinta dono de si, você ainda não será feliz...


Art colagem em vinil por Rita Oliveira

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