Jhonny, sonhos e fotografia
- Rita Oliveira
- 8 de mai. de 2018
- 3 min de leitura
Conversando com um grande amigo iniciando sua grande e prospera trajetória na carreira fotográfica!!!!

Aos 11 anos, quando dependeu exclusivamente dos cuidados de sua mãe, após a perda de seu pai muito cedo, precisou aprender também a cuidar de si buscando fortalecimento interno e nos amigos mais próximos, contudo como nem sempre podemos ter as amizades duradoras como é nosso anseio, foi assim que se tornou mais introspectivo voltando sua atenção à procura dos pequenos detalhes mais gritantes à sua volta. Iniciou-se então a busca pelas beiradas de calçadas, arvores solitárias ou qualquer coisa que se sujeitava a continuar despercebida para as outras pessoas, mas teimava em tentar obter sua atenção.
Esses jeitos e costumes foram se infiltrando e se fixando em sua personalidade, dando-lhe a percepção necessária em seu trabalho na busca e lapidação de cenas e imagens, antes ignoradas, a partir daquele momento donas de um sentido próprio, o qual já se fazia legitimamente ligado à sua pessoa e razão.
Lembra que fotografia, não apenas seu hobby, mas sua amiga, nos melhores e nos piores momentos teve início quando seu pai deixou em suas mãos uma câmera, analógica, com 24 quadros. Uma experiência única. Muitos quadros se perderam entre imagens de beirais e calçadas, confessa Jhonny.

“Eu gostava de tirar foto ... mas não sei até hoje como agir ao ser fotografado kkk...”
Atualmente, busca aperfeiçoamento como fotógrafo e sonha alto, visualizando, não apenas viver dos frutos da profissão, mas obter reconhecimento pelas imagens eternizadas através de seu olhar.
Gosta de sonhar com os pores do sol ou apenas com mares, navegando silenciosamente, sejam numa remota vila alemã, numa paisagem da gélida região do Alasca e nas apaixonantes ruínas de Machu-Pichu, no Peru.
Acredita que para a realização de seus sonhos deverá existir uma grande dedicação de sua parte, mas também acredita na valorização das imagens obtidas pela sua espontaneidade, as quais por vezes surpreendem a si mesmo sobretudo. Nelas coloca seu jeito de ver o mundo, esse mesmo jeito que tenta passar aos outros através de sua percepção ao realizar um click num fim de tarde, num pôr do sol desapercebido pela maioria e esquecido por tantos outros.
Jhonny recorda de uma vez que saindo do trabalho, ao parar para comprar um lanche, foi pego de sobressalto pelo reflexo que a luz rebatia em um simples banco durante a chuva. Instintivamente desarmou o guarda-chuva e posicionou-se, conseguindo o melhor ângulo momentâneo e sem hesitação registrou aquele momento, obtendo para si uma de suas imagens preferidas.
Outra foto que não consegue exprimir o sentimento resultante da sensação que lhe passa, trata-se de uma imagem capturada em uma noite de luar, quando ao caminhar observando a lua, vislumbrou o enlace entre esta e um tronco velho e seco, duma árvore que jazia morta há tempos para os transeuntes daquele caminho. Contudo, a beleza e a vida transmitida para si através daquela visão foram o suficiente para que apenas registrasse o encaixe necessário entre os elementos envolvidos naquela imagem bela e forte. Havia vida no momento. O resultado dessa experiencia lhe trouxe extrema satisfação.
Para Jhonny as pessoas de nosso meio têm fome de aceitação. Uma fome essa, aliás que se perpetua. Todos, todos os dias buscam de alguma forma a aceitação dos que lhes cercam e a estes. Buscam evitar olhares tortos e o encaixe de certa maneira naqueles grupos de aceitação. Ao próprio se aplica a regra, pois simplesmente, ao caminhar, se nota olhares diferentes e reprováveis, já se pega questionando se é por causa de seu jeito de andar, seus trejeitos ou sua forma de vestir que demandam tis sinais de reprovação conscientes e inconscientes ao coletivo. Essa fome de aceitação é a que o povo daqui tem, mas também a tem todas as pessoas e em toda parte.
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