Esculturas e misantropia
- Rita Oliveira
- 30 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
O artesão Ko Henneberg relata um pouco sobre seu trabalho com a confecção de bonecos e personagens e sua visão sobre a fome da sociedade atual.

Iniciando nessa arte aos 15 anos de idade, o artesão conta que inicialmente seu conhecimento nessa área se desenvolveu a partir da reforma de bonecos de sua própria coleção, e que já nessa época tinha a vontade de criar bonecos voltados aos personagens de filmes, os quais iniciou remodelando suas próprias peças de coleção. Aprimorando-se, começou então a criar novas bases para personagens, fabricando então desde o esqueleto inicial até o acabamento de novos bonecos.
Quando tinha 18 anos, seu interesse pela busca e aperfeiçoamento aumentou e realizou então cursos de desenho, contudo voltados mais as peculiaridades da modelagem.
Ko considera-se um cinéfilo, com preferência pelas películas clássicas, o que considera um fator determinante na escolha pelos personagens a serem desenvolvidos. Lembra-se por exemplo, que a primeira arte de uma personagem feminina do cinema por ele desenvolvida foi a de Sônia, parceira do herói Conan, o bárbaro. Depois recorda que vieram a criação dos personagens de dragões, os duendes, as fadas e afins.
Aos 23 anos trabalhava então quase que exclusivamente com personagens de filmes. Posteriormente direcionou também o trabalho às confecções provindas de séries televisivas e dos clássicos do cinema devido à grande procura comercial dos mesmos.
KO conta com orgulho, que devido ao trabalho com sua arte já conheceu grande parte do Brasil expondo seu trabalho, bem como também já teve a oportunidade, repetidas vezes, de participar de feiras medievais na Europa, demonstrando e expondo suas criações desde a forma inicial até a finalização das mesmas.
Sobre suas inspirações pessoais cita grandes nomes como o diretor de cinema Ridley Scott, Jean Pierre Renoir, também os criadores e personagens de ficção como Guilherme Del Toro, Peter Jackson, George Orwell e também Charles Bukowski, com o qual através de seus pensamentos e ideias aprendeu como viver pelas ruas e bares.
Sobre a procura e demanda dos produtos artesanais e a arte de subcultura, Ko cita que sempre existiu, havendo sim bastante procura pelo trabalho, e que com um trabalho de qualidade o cliente tende a novamente voltar satisfeito, fidelizando-se ao artista.
O artesão explica que como desenvolve sobretudo um trabalho diferenciado e para ele muito prazeroso, almeja então continuar ininterruptamente com suas criações até o findar de seus dias.
Fome de quê?.
Como misantropo, gerando certo desprezo pela humanidade, Ko considera que a sociedade tem fome de ignorância, beirando a burrice e estagnando-se em seu pequeno mundinho, gerando desinteresse a tudo que foge ao padrão ou a sua forma de pensar e ainda fugindo de conversas interessantes e que necessitem de uma maior profundidade de conhecimento, expondo ainda, sempre que possível as ideias não propriamente suas, mas previamente formuladas, abstendo do desenvolvimento de pensamentos próprios que fujam a sua área de conforto, evitando assim assuntos sobre assuntos de maior profundidade e que demandem uma real ampliação dos horizontes pessoais.
Comentários